Tinteiro #008: Não escapei de 'Bebê Rena'
A série mais vista da Netflix esses dias é um soco no estômago, então a gente equilibra com Drummond e toma umas com Mads Mikkelsen
Salve, povo! Eis aí a nova edição do Tinteiro. Hoje trago um filme e um álbum que não são novos, mas a novidade não me importa tanto: o negócio é oferecer a você dicas de coisas que possam valer sua atenção, tanto quanto proporcionar uma agradável experiência de leitura. É sobretudo um exercício de texto: pra mim é importante que você encontre prazer na leitura na mesma medida em que se informa (inclusive daquilo que talvez já saiba). Não sei se atinjo o objetivo. Então me contem. Boa leitura!😉
UM FILME
MICROSSINOPSE: Quatro professores se unem em uma pesquisa de campo para descobrir o óbvio: estar embriagado é melhor que estar sóbrio (mas custa caro).
EU ACHO QUE: “Druk - Mais uma rodada” 🥃 (Thomas Vinterberg, 2020) é um filmaço por vários motivos, como a originalíssima abordagem sobre o alcoolismo. Mas o principal deles é Mads Mikklesen dançando. A cena final é uma catarse.
ONDE VER: “Druk” está disponível na Netflix.
UMA SÉRIE
MICROSSINOPSE: Desesperado por atenção, comediante fracassado oferece chá a mulher ainda mais carente do que ele e ambos passam a viver uma relação de perseguição, abuso psicológico e interdependência emocional.
EU ACHO QUE: “Bebê Rena” (2024) 🦌não está entre os mais vistos da Netflix este ano à toa. É perturbadora de uma ponta a outra: começa com ares de comédia e termina em crimes sexuais, provocando reflexões sobre temas sensíveis e sombrios. Tem que ter estômago.
ONDE ASSISTIR: “Bebê Rena” está disponível na Netflix.
UM SOM
Quando o Martiataka foi gravar seu álbum “Marginal”, 12 anos atrás, nosso produtor, Nando Costa, chegou com esse disco embaixo do braço. Botamos pra rolar na vitrola e chapamos no ato. Almoçamos e jantamos o Vintage Trouble e café com uísque aqueles dias. A mescla de blues, rock e soul do quarteto californiano é um troço arrebatador. “The bomb shelter sessions” tá aí abaixo pra que vocês tirem a prova. E saibam que o cantor, Ty Taylor, foi descoberto em um reality show que procurava um vocalista para o INXS. Chegou nem à final. (Não me perguntem onde está o INXS hoje.)
QUER EM VÍDEO? AÍ OS CAMARADAS RACHANDO AO SOL NA LAJE ☀️.
UM FRAGMENTO
“Itaorna. Pedra Podre. A primeira usina nuclear brasileira ergue suas linhas na praia. O reator fica a trezentos metros da estrada Rio-Santos. O mar, os viajantes, o urânio, o futuro. Por que o índio deu esse nome ao lugar?
Em Itaorna um conto está sendo elaborado, mas contista nenhum é capaz de prever-lhe o desfecho.”
Eis o (mini)conto “Elementos de um conto”, do livro “Contos plausíveis”, de Carlos Drummond de Andrade, que ele bancou do bolso em 1981 pois ninguém queria publicar - e olhem que ele já era “O” Drummond - e eu recomendo (mas só àqueles adeptos de narrativas breves, às vezes brevíssimas, que não subestimam a inteligência do leitor e cujos enredos cabem, como o próprio Carlos diz no prefácio, “na antena esquerda de um gafanhoto”).
UM MICRORRELATO
Sol ardia e Baltazar catava latinha no São Bernardo quando levou chumbo de dois motoqueiros. Baleado na bunda, correu para a padaria, onde foi recebido a vassouradas por Dona Rosita.
- Vem pedir pão não, diabo!
W. Del Guiducci, 03/05/2024
CRONIMÉTRICAS
Assim começa a crônica desta semana na “Tribuna de Minas”:
“Se o cidadão não for excessivamente obtuso ou intelectualmente indolente pode aprender uma coisa nova todo dia. Uma das minhas filhas é daquelas que têm de estudar em voz alta, como conversasse sobre a matéria em questão, conhecem o tipo? Pois então, minha filha é assim. E foi servindo de ouvinte para ela quando se preparava para uma prova de anatomia que conheci outro dia o conceito de “coração periférico.” 🖤
O restante você pode ler neste link.
📢 Se preferir escutá-la na voz deste rabiscador de palavras, é só clicar aí abaixo e será redirecionado para o player.
POSTEI E SAÍ CORRENDO
Já que começamos com cachaça, terminemos com goró. A famosa frase é atribuída a Ernest Hemingway, e talvez seja mesmo dele:
“Eu bebo para tornar as outras pessoas mais interessantes."
E atire a primeira pedra quem, em dia misantropo, nunca tenha feito um evento social mais suportável entornando umas doses de cana… 🥂
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Vida longa ao tinteiro!
Vintage Trouble! Não conhecia. Bom demais.